Serei uma sereia?
"I'm not sure if I can say that I'm not a mermaid..."
Estas palavras são de Tara Pederson no seu livro "Mermaids and the Production of knowledge in Early Modern England", mas também poderiam ser minhas. Esta sensação de que em cada um de nós existe potencialmente um monstro e um anjo, que em cada pessoa coabitam categorias paradoxais que podem tomar diversas formas e caráter, é cada vez mais premente. A sereia é o paradigma perfeito de tal contradição, dessa essência dúbia em que nos criamos, construímos e movemos. Somos isto e aquilo, somos claramente muito mais do que o que cabe em caixinhas etiquetadas. Somos todas as possibilidades. Sinto que somos todos sereias belas e sereias assustadoras, que todos podemos encantar e assustar na mesma medida, há apenas que direcionar o nosso potencial para o objetivo mais determinado. Somos todos belas e monstros, num mesmo corpo. Tal como Tara, eu não tenho a certeza de que não seja uma sereia. E enquanto sou e não sou, vou pensando como elas seriam no passado...
"O tempo vai saltitando entre sereias e manatins, seres que muitas vezes se tocam e se misturam. As sereias persistem, vivem lado a lado com vacas marinhas e dugongos, com focas e leões marinhos, ocupam os mesmos habitats, partilham o mesmo espaço, ajudam a escrever as mesmas histórias e suas taxonomias. As sereias vivem também com as pessoas, nas margens da terra com a água, na fronteira do perto com o longe, do verdadeiro e do imaginado. Porque motivo? Como acontece? Qual o processo? Inevitavelmente, deparamo-nos com a pergunta inicial, para a qual ainda não temos argumento válido porque sabemos que as sereias não são reais, mas que, de certa forma, existem. Como é que seres imaginários, que efetivamente não são verdadeiros, nunca o foram, se tornaram palpáveis em páginas de livros e em espécimes de museus e movem, ainda hoje, legiões de fãs e de crentes?"
Livro de Tara Pederson: https://g.co/kgs/roZdfc
Resenha do livro: https://historyandcultures.files.wordpress.com/2016/02/colville.pdf
Estas palavras são de Tara Pederson no seu livro "Mermaids and the Production of knowledge in Early Modern England", mas também poderiam ser minhas. Esta sensação de que em cada um de nós existe potencialmente um monstro e um anjo, que em cada pessoa coabitam categorias paradoxais que podem tomar diversas formas e caráter, é cada vez mais premente. A sereia é o paradigma perfeito de tal contradição, dessa essência dúbia em que nos criamos, construímos e movemos. Somos isto e aquilo, somos claramente muito mais do que o que cabe em caixinhas etiquetadas. Somos todas as possibilidades. Sinto que somos todos sereias belas e sereias assustadoras, que todos podemos encantar e assustar na mesma medida, há apenas que direcionar o nosso potencial para o objetivo mais determinado. Somos todos belas e monstros, num mesmo corpo. Tal como Tara, eu não tenho a certeza de que não seja uma sereia. E enquanto sou e não sou, vou pensando como elas seriam no passado...
"O tempo vai saltitando entre sereias e manatins, seres que muitas vezes se tocam e se misturam. As sereias persistem, vivem lado a lado com vacas marinhas e dugongos, com focas e leões marinhos, ocupam os mesmos habitats, partilham o mesmo espaço, ajudam a escrever as mesmas histórias e suas taxonomias. As sereias vivem também com as pessoas, nas margens da terra com a água, na fronteira do perto com o longe, do verdadeiro e do imaginado. Porque motivo? Como acontece? Qual o processo? Inevitavelmente, deparamo-nos com a pergunta inicial, para a qual ainda não temos argumento válido porque sabemos que as sereias não são reais, mas que, de certa forma, existem. Como é que seres imaginários, que efetivamente não são verdadeiros, nunca o foram, se tornaram palpáveis em páginas de livros e em espécimes de museus e movem, ainda hoje, legiões de fãs e de crentes?"
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Livro de Tara Pederson: https://g.co/kgs/roZdfc
Resenha do livro: https://historyandcultures.files.wordpress.com/2016/02/colville.pdf
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